A CAIXA completa, neste 12 de janeiro de 2023, 162 anos. Ao se tentar recriar uma memória do ano de sua fundação, em 1861, retrocede-se no tempo na medida em que se avança no campo da imaginação. Concretamente, a historiografia apresenta documentos do decreto deste dia que criou as Caixas Econômicas no Brasil. Registra também os debates acalorados que ocorreram até a inauguração da primeira agência, em novembro daquele mesmo ano, na Rua da Misericórdia, no centro do Rio de Janeiro. Registra ainda os primeiros 50 depósitos e até detalhes da vida do primeiro depositante, o gaúcho Coruja. Todos são capítulos interessantes da história inicial da CAIXA.
De uma maneira menos concreta, porém, só se pode imaginar o que sentiam os brasileiros pobres e, inclusive, escravizados, que depositavam suas poucas economias nas agências que começavam a se espalhar pelo país ainda no século XIX. Talvez a chave para compreendê-los, depois de 16 décadas, passe diariamente pelas atuais 4,2 mil agências da CAIXA: milhões de brasileiros que, infelizmente, continuam pobres e recebem no banco as únicas economias a que terão acesso para sustentar suas famílias. Desde 12 de janeiro de 1861, o fato mais concreto que atravessa toda a história do banco é a sua disposição irrevogável para participar da vida dos brasileiros menos favorecidos.
Essa não é uma história sem percalços, afinal, atravessa todas as turbulências pelas quais passaram o Estado brasileiro nos últimos 162 anos. São nove mudanças de padrão monetário. Mudanças de regime de governo. Mudanças de entendimentos e práticas econômicas. Mudanças no cenário internacional. Mudanças nos nomes e finalidades dos programais sociais. Mudanças de direcionamento nas políticas públicas do Estado (quando não o abandono completo delas).
Todas essas turbulências, sem dúvida, afetaram a atuação da CAIXA. Mas, desde que promoveu a dignidade de oferecer uma conta poupança para escravizados e pobres, o banco não parou de atuar para minimizar a pobreza e promover o desenvolvimento do país. Foi a CAIXA quem organizou as apostas nas casas lotéricas e o penhor para o benefício da população; se tornou o banco da casa própria ao incorporar o Banco Nacional da Habitação (BNH) e executou políticas públicas para diminuir o danoso déficit habitacional do país; moralizou e organizou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para benefício dos trabalhadores e para o retorno social em obras de infraestrutura; e operacionalizou os benefícios emergenciais para as famílias brasileiras mais pobres.
Uma nova CAIXA para um novo Brasil
O jornalista e escritor Eduardo Bueno, 64 anos, se debruçou sobre a história da CAIXA e publicou dois livros com caráter biográfico do banco. “O Brasil sempre foi um país de desigualdade e de injustiça social, sempre foi um país excludente, e a CAIXA é um dos raríssimos exemplos que, desde a sua origem, surgiu para diminuir essa diferença”, explicou. “Se algumas vezes a CAIXA não cumpriu a função de ir na contramão da desigualdade brasileira, não foi por culpa do banco, mas do país que apostava na desigualdade”, afirmou.
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